sábado, 26 de setembro de 2009

Ele é teimoso. Teimoso demais, só o que ele faz e pensa, está certo. Ele é dono da verdade absoluta, e por isso, precisa ter sempre a razão. Se ele não está certo, ele com toda certeza do mundo, vai arrumar um jeito de estar, para no fim das contas, ter o prazer de dizer "eu tinha razão".
Ele acha que só pq tem os seus míseros 29 anos, sabe alguma coisa da vida. Mas ele acha isso, pq também acha que comprou a razão e agora é dono dela também... Só que ele não sabe, que passou tempo demais tendo razão e por isso, a vida não é nada disso que ele tenta se convencer.
Ele tem uma vida de plástico, e dela fazem parte os seus 1.000 perfumes guardados, os seus 500 aparelhos eletrônicos de ponta instalados no seu quarto que cheira lustra móveis e o download arquivado e catalogado de todos os milhões de vídeos TOP postados no youtube, pq sim, claro, ele precisa ter sempre mais do que todo mundo.

E eu, sempre orgulhosa... Sempre desprovida de bom senso, de limites, de memória, sempre desprovida de mim. Eu erro... Todo dia eu erro. E todo dia eu peço desculpas à alguém por ter errado. Eu esqueço de tudo... Esqueço as chaves em casa, o celular no táxi, esqueço de almoçar... Eu esqueço de como fiz para ir ao trabalho e me dou conta (na metade do dia) que atravessei a rua, meio dormindo... Eu esqueço de praticamente tudo... Números telefônicos, dia do pagamento da fatura do cartão de crédito, frases, textos, piadas, nomes, pessoas, fatos... E por isso eu perdoo demais... Perdoo, pq já esqueci. Pq ficou lá atrás. Pq não faz mais diferença pra mim...

Mas eu não consigo esquecer o seu telefone de casa, que eu não ligo há anos, e outro dia, quando precisei preencher um número de telefone que eu costumo ligar, preenchi com o da sua casa por engano. Não consigo esquecer seu endereço, seu bairro, o caminho até sua casa.
Não consigo esquecer a cor dos seus olhos e como eles são pequenininhos. Seu cheiro de banho tomado, o cheiro da sua pele quando você volta do serviço, após horas de ar condicionado. A data do seu aniversário, combinada com o ano do seu nascimento... Não consigo esquecer do bairro que você cresceu. Não esqueço do seu corte de cabelo, e do seu cabeleireiro cortando ele, naquele salãozinho pequeno, do bairro que você cresceu. Não esqueço daquela carteira brega que você tinha, com pêlo de bicho na frente. Nem da sua cama, que tem espelho na cabeceira. Nem da sua mesa improvisada com balaustres e um imenso mármore cinza desbotado.
Não esqueço da sua voz... Não esqueço do seu nickname no ICQ. Não esqueço dos seus pés lisinhos, esquentando meus pés de "caiçara". Da sua mão branquinha, segurando a minha mão vermelhinha. Não esqueço de quando eu te falava que seus olhos apareciam mais quando você cortava o cabelo e fazia a barba (e ficavam ainda mais lindos). Me lembro de como dormiamos mal, na minha cama quebrada. Me lembro de você de terno e gravata. Me lembro de você me mostrando as matérias que aprendia na facu, de como odiava Mc Donalds, de como odiava o meu cachorro.
Me lembro de quantas vezes veio até o meu quarto me acordar, e de quantas vezes cuidou de mim... De como reclamava da minha mania de andar descalça (e me matava de tanto ódio). De como sua mãe nunca gostou de mim, pq eu tinha um jeitinho meio bizarro... Me lembro de quando seu pai te disse, que você tinha sido o único filho à acertar na namorada. Ai... Que raiva de mim... Que raiva da minha história... Que raiva das minhas memórias... Pq é que eu não sou desmemoriada com isso também?

Talvez se eu chorasse mais... Quem sabe assim, não faria escorrer cada grãozinho de memória de você, que existe dentro de mim?
Eu só queria sentar em um cantinho, escondida de todo mundo, por algumas semanas, e chorar... Chorar tudo que eu tenho pra chorar... Sem medo de ficar com os olhos inchados, sem medo de que alguém vá ver... Chorar tudo, até você sair completamente de mim...

Mas não dá. Acho mesmo que ainda que eu chorasse por toda a minha eternidade, não conseguiria tirar você do lugar que está guardado em mim. De alguma forma, você entrou, e se escondeu... Para ninguém te encontrar, nunca mais.
Eu só queria que você devolvesse o pedaço que levou de mim... Eu te dei meu coração e você levou ele inteiro... Teimoso... Sempre teimoso... E mesmo teimoso, mesmo cheio da razão, das manias, do jeito bobo de inventar palavras que não fazem sentido, ainda assim, o ser humano mais perfeito que eu já conheci...

Então, numa noite em que eu chorei bastante e que todo mundo viu o tamanho da minha tristeza, eu decidi que faria com que você virasse nada pra mim... Faria você virar nada, pq o tudo que você significa pra mim, chega a doer... Pq o futuro que eu enxergo ao seu lado, vai matando cada pedacinho do meu corpo, cada pedacinho do meu coração, vai me despedaçando...

E aí, todo dia que eu acordava, eu pensava que você não significava uma migalha da minha vida, pq vc não merecia nunca o amor tão lindo que eu tinha guardado pra te dar... Mas veja que ironia... Toda manhã o meu primeiro pensamento era você... E quando um dia, eu consegui quase evitar que os meus pensamentos fossem você, foi quando tive a pior noite da minha vida, sonhando com você, com você e com você...

E então, como a mesma idiota de sempre, sentei na frente do computador e vim escrever um "conto" para você... Não um conto de fadas... Mas um conto do tipo "pode deixar que eu mesma te conto"...

Achei de verdade, que eu precisava chorar tudo que eu tinha pra chorar, naquele dia que eu pedi para você não ser nada... Aquele dia que você chorou junto comigo... Eu de um lado da tela do computador, escondendo o rosto para ninguém achar que eu estava em prantos, e vc do outro lado, talvez só sentindo o coração doer por ver a minha dor, talvez por sentir a minha determinação em tirar você de toda minha existência... E eu juro... Eu estava determinada... Eu estou determinada... Mas eu me traio, eu me engano, eu minto pra mim e eu estou sendo a pior pessoa comigo mesma, só para acreditar que eu estou conseguindo tirar você da minha vida... Eu não consigo E... Eu não sei me enganar, como você sabe se enganar... Eu simplesmente não sei e não sei me ensinar à ser assim... Tão objetiva... Eu não consigo chorar tudo que eu tenho que chorar para te esquecer... Ainda tem tanta lágrima dentro de mim, que chego à me sentir um oceano sem fim.

Já perguntei pra tanta gente se existe um meio de arrancar para sempre uma pessoa tão importante da cabeça... Se existe um jeito de fugir de mim mesma... De matar as minhas memórias... Mas a resposta é sempre a mesma... Não, não dá.

Mas aí, eu entro no carro do d. e no meu determinado exercício de te esquecer, começa a tocar no rádio Wish you're here... Sabe quais as chances de uma música dessas tocar em uma rádio que passa o dia tocando músicas comercias? Zero! Mas só para a vida me dar mais um tapinha na cara, eles resolvem tocar wish you're here, nos exatos 15 minutos que o d. me dá carona até a estação do Alto do Ipiranga.

Eu não quero mais dar chance para a possibilidade do futuro, mas sabe quanto medo que eu tenho disso? Eu tenho muito medo!

Tenho tanto medo de não ser quem você quer mas acho que eu tenho mais medo de ser exatamente o que você quer... Eu tenho tanto medo de fazer isso e você bater na minha porta novamente... Pq vc sempre bate novamente e eu sempre te deixo entrar... E além de deixar entrar, eu deixo que você habite todos os lugares... Todos os meus lugares...

E então, naquela nossa ultima conversa, você me perguntou se eu realmente achava que tínhamos sido "feitos um para o outro", e eu me senti uma idiota respondendo que achava, pq eu sei que no fundo, você acha que eu e meus textos bonitos somos só surtos poéticos e da minha necessidade imensa de querer transformar até um final triste, em um final bonito. E essa minha mania de acreditar em "almas gêmeas" e em pessoas que vieram no mundo para completar e preencher umas as outras, é só parte desse meu surto patético... Mas para lhe ser sincera, não sei se essa história de "ser feito um para o outro" existe, de fato. Eu só sei que quando eu vim parar nesse mundo, eu sabia que tinha sido feita para você... E que você tinha sido feito para mim... E eu não sei como sei, só sei que simplesmente sei (não é arrogância, se fosse, eu a usaria para me sentir menos assustada e sozinha). E tenho tanto medo que não tenha vindo ao mundo pra viver ao lado da minha pessoa... E tenho tanto medo que a minha pessoa não queira mais viver do meu lado, só pq eu não consegui... Pq eu não consegui tanta coisa... Tanta coisa...

Hoje eu sei, que a gente erra quando acha que alguém resolve um amor. Na verdade, é o amor que, se tivermos coragem pra deixar, resolve aos poucos a gente. E olha só onde eu me coloquei... Eu me sentei aqui, mais uma vez, frente à uma tela de sei lá quantas polegadas, que você me deu, e estou tentando até agora te explicar que eu quero tanto, tanto, tanto dar um jeito de resolver eu... E quero muito mais, dar um jeito de resolver você... E que, pela milésima vez, não estou me oferecendo à você como troca, afinal de contas, eu nunca sei realmente o peso da troca, e pode ser que se eu me der à você, a troca não seja justa. Estou oferecendo à você o que eu tenho de amor... Que a única fração de mim, que eu tenho certeza que posso te dar... Estou oferecendo à você o meu coração, em troca do seu... Só...

Mas sabe qual é a única coisa que eu posso fazer? Escrever... Pq ninguém precisa ficar ouvindo todo dia que meu coração está vazio... Que na verdade eu estou me sentindo sozinha e que eu sinto uma vontade grande de chorar todos os dias da minha vida... Então eu escrevo, esperando que você leia... Pq essa é a minha vingança contra todas as sensações que morrem todos os dias mostrando pra gente que nada vale de nada. E acreditando que esse é o único lugar seguro e eterno pra gente... É a única coisinha, ainda que tão miúda, que eu posso te mandar, para tentar fazer com que, de alguma forma, você não se esqueça de mim... E acho que ao mesmo tempo, fazer com que de alguma forma, você volte pra mim...

E acabo me despedindo de você, como se fôssemos nos falar amanhã... Como se amanhã eu fosse te ligar para te dar bom dia... Ou receber uma ligação sua, só para dizer que me ama... Como se fossemos nós dois...

Sinceramente, com todo meu coração,
Beijos de alguém que sempre, sempre, sempre vai te amar (de verdade),

S.

sábado, 29 de agosto de 2009

domingo, 23 de agosto de 2009

Clássicos

Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!

Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,

Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!

(Olavo Bilac)



Hei você que tem de 8 a 80 anos
Não fique aí perdido como ave
sem destino
Pouco importa a ousadia dos seus planos
Eles podem vir da vivência de um ancião
ou da inocência de um menino
O importante é você crer
na juventude que existe dentro de você
Meu amigo meu compadre meu irmão
Escreva sua história pelas suas próprias mãos
Nunca deixe se levar por falsos líderes
Todos eles se intitulam porta vozes da razão
Pouco importa o seu tráfico de influências
Pois os compromissos assumidos quase sempre ganham
subdimensão
O importante é você ver o grande líder que existe dentro
de você
Meu amigo meu compadre meu irmão
Escreva sua história pelas suas próprias mãos

Não se deixe intimidar pela violência
O poder da sua mente é toda sua fortaleza
Pouco importa esse aparato bélico universal
Toda força bruta representa nada mais do que um sintoma
de fraqueza.
O importante é você crer nessa força incrível que existe
dentro de você
Meu amigo meu compadre meu irmão
Escreva sua história pelas suas próprias mãos.

(Como diria Dylan - Zé Geraldo)
(Poderia até dizer... Como diria o Will... Não sei até hoje pq ele me mandou esse email, mas tenho ele guardado há anos e é sempre bom reler...)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Eu lembro da primeira vez que disse que te amava...
Estávamos no seu carro, aquele Siena, que na verdade era da sua mãe, mas você estava usando (não sei por qual motivo) e eu estava deitada no seu colo, com os pés no banco do passageiro...
Eu olhei para você, umas três vezes antes de dizer, e você não parava de falar (como sempre). Então eu criei coragem, respirei fundo e disse que te amava de um jeito diferente...
No portão da minha casa, dentro do seu carro, deitada no seu colo, abraçada em você... Eu disse eu te amo...
Não sei quanto tempo estávamos juntos, mas lembro que eu disse eu te amo, sentindo de verdade... Sem medo da resposta... Não me importava o que você sentia naquela hora, pq era de mim que eu falava. Era o que eu sentia e queria te dizer... Eu disse EU te amo e não esperava que você dissesse que sentia o mesmo.
Aí eu fiquei assustada... Pq eu só tinha 15 anos e fiquei pensando que poderia ser só uma paixonitezinha colegial... Mas não era.
E então você disse o mesmo.
Você, mais velho, mais racional... Você disse que me amava...
Eu me lembro de como eu me sentia do seu lado e era uma sensação, que acho que você nunca vai entender... Você era um pedaço de mim e mesmo com o tempo passando, a sensação é a mesma e a falta de palavras para fazer você entender, também...
O pedaço que eu sabia que tinha sido feito para mim... Sob medida... Só para mim... Para sempre e para mim...
O pedacinho de mim, que me conhece só de me olhar nos olhos... Só de ouvir a minha voz... Só de saber que eu existo...
O pedaço que sabe, que esse meu tipo "eu me basto", é pura fachada, mas não conta pra ninguém...
O pedaço que sabe que quando meu mundo começa a chacoalhar, eu saio correndo e me escondo na única dobrinha de coração, que ainda me deixa entrar... Feito um ratinho assustado, com medo do mundo...
Você sempre me deixa voltar... E eu sempre volto... E eu sempre vou voltar...

E os anos vão passar e eu sempre vou voltar...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A mocinha de olhos grandes, os quais vivem mareados, longe... Bem longe... Que deita à noite, pedindo um sinal, uma estrelinha, um brilhinho bonito, dizendo onde é que está a felicidade... Essa mocinha quer saber, afinal de contas, onde é que está a felicidade?
Essa pequena pessoa que colecionou vários nãos durante a vida... "A viagem que não fez, o filme que não assistiu, o perfume que não sentiu, o amor que não viveu...". Quer saber, do que é feita a felicidade?
Ah... Essa mocinha teimosa, que acreditava que o caminho dela era o certo, e que não dava o braço à torcer quando errava...
Essa mocinha que desenhava em páginas de caderno e preferia a arte, à fazer contas matemáticas... Que preferia fugir, à enfrentar o "tornar-se adulta"... Que procurava alguma coisa que nem sabia o que era... Que não conseguia sequer se encontrar...
Ah essa mocinha, que não sabia direito o que era coração, e resolveu entregá-lo, sem ao menos preocupar-se caso um dia o quisesse de volta...
Ela, que sabe que amores são possíveis, mas pouco prováveis... Que não ama a outros, pq não consegue amar... Que não entrega-se, pq não consegue se entregar... Que revive todo dia, frações de felicidade... Frações que já foram... Frações que não voltam mais... Pq um dia foi feliz... Do lado de quem sempre quis, ela um dia foi feliz... Essa mocinha quer saber como é que faz para ser feliz de verdade? Feliz para sempre... Feliz do lado de você que me traz a felicidade...
Pq ela... Essa mesma mocinha que um dia achou que era grande demais para o mundo, achava que era mocinha demais para os outros, mas era mocinha de menos para saber onde é que estava a felicidade, mal sabia que já tinha encontrado, mal sabia que estava bem na frente dela... Mal sabia que um dia iria desejar tanto, toda noite, que uma estrelinha trouxesse a felicidade dela de volta... Mal sabia que só precisava de uma coisinha para ser realmente feliz...

Por favor... Me dá um pedacinho de você, para eu ser feliz?


E.D. - A.V.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Obras!



Estamos em obras!
Mas não deixem de nos visitar!

Beijos

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